Inconsistências
Ela...
Para ela a vida era um desafio daqueles bem difíceis.
Tinha o mundo nos seus sonhos e os seus sonhos no mundo.
Sentia o peso da responsabilidade em cada passo e todos os olhos estavam postos nela, à espera do primeiro deslize, da primeira falha, da primeira racha que iria abalar o seu mundo.
Ela era um furacão, uma força da natureza, tinha um feitio surrealista e um nariz empinado aos desafios propostos.
Vivia de acordo com os seus padrões e as suas verdades.
Tinha tanto de meiga como de cruel.
Usava as palavras como arma e disparava à queima roupa.
Ele...
Ele era o exemplo perfeito que a sociedade impõe.
Bem educado, submisso, preocupado com as opiniões de terceiros, excelente filho, excelente amigo, excelente pessoa.
Afável e sensível.
Meigo e calmo.
Calado e atento.
Era o par perfeito para todas menos para ela.
Nada tinham em comum.
Vinham de diferentes galáxias e o fosso que os separava era enorme.
Uniram-se no acaso do destino e juntos fizeram o que ninguém esperava.
Abalaram o mundo e tudo estava mudado.
Como se a rotação da terra tivesse contrariado a rota inicial.
Não tinham um minuto monótono.
Eram azeite e água.
O que viveram mudou-os.
Não ficaram juntos para sempre como nos contos de fadas, mas ficaram marcados para sempre numa história de sorrisos, lágrimas e saudade.