Mulher do leme
E quantas vezes perdemos a paciência de encarar o presente?
Quantas vezes pensamos e colocamos em causa todas as decisões tomadas até hoje?
Não é fácil ser humano num mundo de animais.
Onde tudo é razão de escrutínio e tudo é analisado ao pormenor.
Não sou feita de moldes politicamente correctos.
Nunca me encaxei em lado nenhum.
Sempre fui a mulher do leme.
Talvez seja por isso que me canso rápido.
E na gritaria interior do meu silêncio prefiro afastar-me e viver uma semana ou mais no meu mundo.
Não irei nunca confrontar as mentiras com que me deparo no dia a dia.
Guardo-as na gaveta dos fundos e fico com menos um cadeado na ponte da confiança.
Não guardo rancor mas também não esqueço.
Isto das alterações hormonais femininas é lixado.
Vivo de acordo com os meus padrões e não sigo o GPS alheio.
Cada qual que escolha o seu caminho que eu irei calmamente no meu até chegar ao destino pretendido.
Não tenho medo de acabar a minha jornada sozinha.
Mas preferia ter a meu lado alguém com quem festejar no final.
Confesso que o Futuro me inquieta.
Não gosto de pensar além do dia de hoje.
Já basta as marcações na agenda que a vida obriga.
Gosto de soltar as amarras e navegar pelo oceano da incerteza.
É bom estar destinada a não ter destino.
Serpentear nas curvas da felicidade e da solidão.
Viajar da raiva ao amor à velocidade da luz.
Gosto das 4 estações num dia.
Sou inconstante e é nesses instantes que me sinto viva.
E é tão bom viver.